Resenhando: Estilhaça-me, Tahereh Mafi

Nome: Estilhaça-me
Autora: Tahereh Mafi

Editora: Novo Conceito

Skoob

Eis mais um livro que me fez perder o fôlego. Tinha ouvido falar de Estilhaça-me por causa da campanha de divulgação da Novo Conceito e, automaticamente fiquei contando os dias para o querido amigo carteiro me trazer o meu. Assim que chegou, ele furou a fila de todos os outros livros que estava lendo e eu não me arrependi de ter feito isso. 

A protagonista da história é Juliette Ferrars. Ela tem 17 anos e está a 264 dias sem ter qualquer tipo de contato com outro ser humano. Seu toque é capaz de matar uma pessoa e ninguém sabe porque isso acontece. Ninguém nem mesmo seus pais teve coragem de se aproximar dela durante toda sua vida, por medo das consequências. Até que ela ganha um companheiro de cela. Adam Kent, o lindo, irresistível dono de um par de olhos azuis que Juliette conhece muito bem. 

Do lado de fora de sua cela, o mundo está acabando. Doenças assolam a população, é quase impossível de conseguir comida e qualquer tipo de vida natural foi exterminada. Pássaros não voam mais, não existem mais árvores e a poluição está por todos os lados. 

Juliette sabe que não é louca, mas todas as outras pessoas acreditam no contrário. O Restabelecimento acredita que seu dom pode ser útil para seus objetivos e transfere Juliette e seu até então, colega de cela, para um prédio oficial da justiça, onde ela ganha um quarto e tem todo luxo que nunca teve em toda sua vida à disposição. Lá ela conhece Warner, o comandante da base que é obcecado por ela e quer usá-la como arma. Acontece que Juliette nunca teve a intenção de ferir ninguém e não quer fazer o que Warner quer que ela faça, mesmo que ache que não tem escolha.

Enquanto estava lendo, foi difícil de acreditar que esse é o primeiro livro de Tahereh. Como em toda boa distopia, há uma crítica pro trás da história. No caso de Estilhaça-me, a crítica é à ganância que faz o ser humano destruir o meio ambiente. 

O livro é narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista de Juliette. A princípio, a narrativa se mostra um pouco confusa, refletindo o estado mental da personagem, mas conforme a leitura avança, você se acostuma com o jeito dela de contar a história. Devo destacar as metáforas muito bem colocadas. 

Minha empatia por Juliette foi quase instantânea. Confesso que a última protagonista de livro que me fez sentir tanta satisfação foi Katniss Everdeen de Jogos Vorazes. Adam me arrancou suspiros, literalmente. Warner é um vilão perfeito, tão cego pelos seus objetivos que não enxerga coisas que estão em baixo de seu nariz. 

Estilhaça-me é o primeiro livro de uma trilogia. O segundo, Unravel Me, ainda sem nome em português, será lançado nos Estados Unidos em fevereiro de 2013 todoschora. Infelizmente, agora a gente só pode esperar. 

"Estou tão preparada para o horror imaginável que a realidade é quase pior.

Dinheiro sujo está pingando das paredes, um ano de fornecimento de alimentos derramado em pisos de mármore, centenas de milhares de dólares em assistência médica derramadas em mobiliários extravagantes e tapetes persas. Sinto o calor artificial emanando por saídas de ar e penso em crianças gritando por água limpa. Aperto o olhar através de lustres de cristal e escuto mães implorando por compaixão. Vejo um mundo superficial existindo em meio a uma realidade aterradora e não consigo me mover. 

Não consigo respirar.

Tantas pessoas deve ter morrido para sustentar esse luxo. Tantas pessoas tiveram de perder suas casas e seus filhos e seus últimos cinco dólares no banco por causa de promessas promessas promessas, tantas promessas para salvá-los de si mesmos. Eles nos prometeram. O Restabelecimento nos prometeu esperança de um mundo melhor. Eles disseram que consertariam as coisas, eles disseram que nos ajudariam a voltar ao mundo que conhecíamos, o mundo com encontros no cinema e casamentos primaveris e banhos de bebê. Eles disseram que nos devolveriam nossa casa, nossa saúde, nosso futuro sustentável. 

Mas eles roubaram tudo.

Eles tomaram tudo. Minha vida. Meu futuro. Minha lucidez. Minha liberdade."